DL - Sex Book e The Making Of Sex (versão música francesa)
Para comemorar os 32 anos do álbum Erotica (o meu favorito!), trago para vocês hoje o maravilhoso Livro Sex, escaneado em alta qualidade, além do Making Of do livro, na versão sem cortes e com música em francês ao fundo. O Making Of tem duração de 1h e vale muito assistir, pois mostra o processo criativo do livro. Além disso, como um extra para o nosso especial, trago o diário escrito pelo produtor principal do álbum, Shep Pettibone, enquanto ele e Madonna gravavam o Erotica, em sua versão traduzida! Confesso que procurei na internet a tradução desse diário, porém não encontrei. Então fica registrado aqui para os fãs poderem ler!
LINK MAKING OF SEX BOOK (CLIQUE AQUI)
Diário escrito por Shep Pettibone, produtor do Erotica, em 1992, durante a gravação do disco:
Aqui neste link, é possível ver um scan da revista publicada na época, a EQ, com o diário de Shep. Créditos: Ique.
E aqui um post direto do site de Shep.
Publicado inicialmente na ICON, Fanzine Oficial da Madonna.
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Eu me lembro quando Madonna e eu começamos a trabalhar juntos no Erotica. Estávamos no estúdio que tenho em casa ouvindo um dos primeiros sons e eu me virei para ela e disse: "É ótimo, mas não é Vogue." Ela então me disse que nem toda música poderia ser Vogue, nem toda faixa surgiria como o single mais vendido de todos os tempos. Ela estava certa, mas eu continuei esperando por isso: "Eu acho que estou sempre tentando me superar", eu disse para ela, "o próximo trabalho sempre tem que ser superior ao que o antecede." Madonna apenas se virou e me olhou bem nos olhos. Já fazia tempo que eu não me sentia intimidado por ela, mas dessa vez havia um brilho diferente em seus olhos. "Shep", ela começou, "não importa o quão ruim uma coisa seja, às vezes você não pode fazê-la novamente." Ela se sentou para gravar os vocais finais de Erotica e olhou para o terraço e para a noite de Nova Iorque. "Às vezes", ela repetiu.
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Primeira entrada no diário (Julho / Agosto 1991)
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Eu queria começar a escrever de novo. O último projeto que eu tinha trabalhado com a Madonna havia sido o "The Immaculate Collection", mas havia sido apenas um mês e meio trabalhando com o Q-Sound. Eu sabia que podia fazer algo grande depois de Vogue e Rescue Me, então eu comecei a colocar faixas juntas com o meu assistente, Tony Shimkin. Eu queria que Madonna tivesse algumas músicas para ouvir quando eu fosse para Chicago, onde Madonna estava filmando Uma Equipe Muito Especial.
Eu não fazia a menor idéia do que ela planejava fazer no álbum, mas naquela época nem ela sabia. Eu cheguei em Chicago no dia 8 de julho e dei à Madonna uma fita cassete. Ela disse que iria ouvir no carro, no trailer, onde pudesse ela ouviria. Dias depois ela me deu uma resposta. Das três faixas Madonna havia gostado de três. Eu decidi então trabalhar um pouco mais. Normalmente quando eu me sento para escrever não é para uma pessoa em especial. Depois de um tempo, com a música melhor trabalhada uma idéia começa a se moldar na minha cabeça e eu penso: "Hey, essa música ficaria ótima para tal pessoa". Naquele tempo Cathy Dennis, Taylor Dayne e Madonna eram minhas inspirações para diversas músicas.
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Segunda entrada no diário (Outubro / Novembro 1991)
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Madonna voltou para Nova Iorque e nós começamos a trabalhar algumas demos em meu apartamento. É muito bom trabalhar em casa. É conveniente, confortável e não tem o tempo do aluguel do estúdio correndo contra nós. E mais, se no meio da noite você tiver uma boa idéia só precisa subir as escadas, ligar o equipamento e a colocar em prática. Nosso planejamento era meio esporádico no começo. Eu trabalhava com ela por uma semana então ela se ausentava por duas semanas para trabalhar com Steven Meisel em seu livro (SEX).
Ocasionalmente Madonna encontrava com Andre Betts, seu co-produtor em Justify My Love. Enquanto ela estava fora eu podia trabalhar em novas faixas ou trabalhar com Cathy Dennis ou Taylor Dayne. Nesse ponto eu não trabalhava em nenhum remix, só escrevia. Deeper and Deeper, Erotica, Rain e Thief Of Hearts foram as primeiras músicas que trabalhamos juntos. Eu fiz as músicas e ela escreveu as letras. Às vezes eu dava algumas idéias para as letras e ela dizia: "Oh, isso é legal" ou "É uma droga". Eu me lembro de que uma vez dei a ela algumas idéias para Vogue e ela disse, sem rodeios, "Quem cuida disso sou eu".
Essencialmente suas músicas são as suas histórias. Elas são o que ela quer dizer. Fiz tudo no meu estúdio caseiro: teclados, linhas de baixo e vocais. Dependendo do meu estado de espírito eu escolhia um Oberheim OB8, Korg M3, ou um Roland D-50. Na área dos samples o Akai S1000 era essencial. Nós costumávamos samplear guizos de serpentes para Words e as trombetas de Kool & The Gang para Erotica.
Quando chegou a hora de gravar os demos nós transferimos as faixas do SMPTE para o meu gravador de rolo Tascam 388 Studio de oito canais com dbx. Normalmente nós colocamos as faixas 1 e 2 num mix estéreo, os vocais da Madonna vão dos canais 3 ao 7 – um guia, um guia duplo, as harmonias e a parte dos backing vocals. Em 99% do tempo os vocais gravados em meu apartamento foram mantidos, são os que você ouve no disco. Leva em média dois ou três dias para escrever uma música do começo ao fim. Às vezes mesmo depois de prontas nós queremos mudar alguma coisa e temos que fazer algumas perguntas: Onde o refrão ficaria melhor ? Ele deveria ser duplo ? Era normal Madonna me chamar no meio da madrugada para dizer: "Shep, acho que o refrão ficaria melhor assim" ou "Eu odeio esse verso, melhore a linha do baixo. "Deeper and Deeper" foi uma das músicas que mais deu trabalho para ela. O meio da canção não funcionava. Nós tentamos diferentes "pontes" e mudanças, mas nada funcionava. No final Madonna decidiu que queria guitarras flamengas tocando intensamente no meio da música. Eu não gostei da idéia de pegar uma música house e colocar "La Isla Bonita" no meio dela. Mas era o que ela queria e foi o que ela teve.
Terceira entrada no diário (Dezembro 1991)
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"Odeio tudo isso". Foi o que ela me disse quando ouviu a primeira leva das músicas que havíamos gravado. Eu pensava que elas eram ótimas porque algumas tinham uma vibração de house de Nova Iorque e as outras remetiam à Los Angeles. "Se eu quisesse que as músicas tivessem esse som eu teria trabalhado com Patrick Leonard em Los Angeles" ela me disse. Peguei sua intenção rapidamente. Madonna queria para Erotica um som mais cru, como se tivesse sido gravado num beco da rua 123 do Harlem. Ela não queria uma produção leve em seu som.
Voltei para o meu estilo habitual de mixagem, que é bem orientado pelo som do baixo, analógico, do tipo que você se sente com se tivesse levado uma pancada quando ouve. Quando você grava com a Madonna a atitude é: Faça a música funcionar ou ela não entra no disco. Madonna chegava à uma da manhã e nós podíamos ficar trabalhando até as oi ou nove da noite. Um terço ou dois terços desse tempo eram usados para a improvisação dos vocais, no terço seguinte ela pegava o microfone e dizia: "Vamos lá !".
Madonna tem uma cabeça incrível, ela grava a melodia na cabeça e memoriza as letras imediatamente. Ela nem precisa ler as letras num papel enquanto canta. Só tivemos problemas durante os arranjos, quando precisávamos fazer alguma coisa no Mac que tomava algum tempo. Depois de dois minutos Madonna já perguntava: "O que os garotos estão fazendo ? Está levando tempo demais". Nós então pedíamos para ela ir para o andar debaixo fazer pipoca ou fazer as ligações telefônicas que precisava para pudéssemos colocar todos os sons juntos. Ela ia, mas cinco minutos demais já estava gritando "Vamos ! Estou ficando entediada". Eu tinha que fazer as coisas rapidamente porque uma das minhas funções era manter Madonna interessada no que estava fazendo.
Conforme as músicas iam surgindo as coisas começavam a ficar meio melancólicas. Não era realmente música alegre. Talvez eu tenha inspirado músicas como Bad Girl ou In This Life porque as compus usando dó menor. As histórias da Madonna iam se tornando cada vez mais sérias e intensas e ela dirigia sua criatividade para um território mais intenso e emocional.
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Quarta entrada no diário (Janeiro / Fevereiro 1992)
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Eu passei as férias de Natal na Jamaica e voltei dia 2 de janeiro e era como: "Cara, não estou preparado para isso". Só havia sons intensos para serem trabalhados e eu só tinha vibrações do reggae em minha cabeça. Jamaica realmente mexeu comigo. Transformei esse sentimento em música e toquei para Madonna que imediatamente entendeu. Ela então escreveu e a música acabou se tornando Why Is So Hard. Depois disso nós pensamos: "E se tivéssemos um rapper jamaicano para fazer alguma coisa no disco ?".
Nós encontramos esse cara, Jamaiki, que dirigia uma loja de música jamaicana. Ele era um cara grande com um puta vozeirão. Quando tentamos explicar a música ele somente olhou para nós e disse: "Vocês tem rum por aqui ?". Depois disso Jamaiki estava em meu estúdio gravando, dançando, tomando rum e derrubando tudo. Nós acabamos não usando essa faixa porque ela ficou bruta demais para a música, mesmo assim tivemos um dia muito divertido e completamente diferente. Nesse meio tempo as pessoas perceberam que a Madonna estava gravando na minha cobertura. Todos os seus fãs começaram a esperar por ela do lado de fora, mesmo que o tempo estivesse de congelar, apenas para ver ela de relance ou tirar alguma foto.
Em um dia em particular quando nós descemos do carro a portaria estava lotada com os moradores do prédio, eles pegavam suas correspondências, se apoiavam numa mesa próxima, sentavam nos sofás do saguão, tudo isso era muito esquisito porque a portaria normalmente vivia vazia. Eu passei por lá com ela e corremos até o outro lado da rua para comprar jornal do dia, quando voltamos não havia ninguém lá. Quando perceberam que havíamos voltado as pessoas desceram as escadas novamente para uma última olhada na Madonna.
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Quinta entrada no diário (Março 1992)
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Agora eu realmente sabia que tínhamos mesmo um álbum. Eram 15 faixas semi-acabadas e ela gostava de todas. A última música que fizemos foi para o filme Uma Equipe Muito Especial. Madonna começou a cantar uma melodia repetidamente num microfone Shure SM57 enquanto o Mac e o Vision tocavam alguns instrumentos de corda, órgão e piano. Era um som atemporal, muito nostálgico. Passei a noite toda completando os versos e a música acabou se tornando "This Used To Be My Playground". No dia seguinte após a gravação de "Playground" Madonna foi para o Oregon para trabalhar no filme Corpo Em Evidência com Willem Defoe. Isso me deu tempo para trabalhar em algumas faixas de Cathy Dennies e Taylor Dayne no Soundworks Studios de Nova Iorque.
A carga de trabalho havia aumentado incrivelmente desde o começo do ano e não mostrava sinais de estar diminuindo. Graças à gerente Jane Brinton nós pudemos coordenar todos os trabalhos.
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Sexta entrada no diário (Maio 1992)
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Eu encontrei com Madonna nos estúdios Oceanway em Los Angeles para completar a parte orquestral de "This Used To Be My Playground". Tínhamos que gravar os arranjos de cordas - algo que eu estava excitado em fazer, apesar de nunca ter feito nada como isso antes. Madonna escolheu Jeremy Lubock para fazer os arranjos porque ele havia deito um bom trabalho no I'm Breathless e era muito bem recomendado.
Tudo ia bem até que a orquestra começou a tocar a sua parte, nós não gostamos do que ouvimos. Madonna e eu tivemos que mudar todos os arranjos, no estúdio mesmo, com toda a orquestra esperando e sendo paga para isso. Aproximadamente 15 mil dólares por 3 horas mais 3 mil extras a cada meia hora excedida. Para ajudar Lubbock tentava falar com duas pessoas que não sabiam distinguir uma nota de outra, estávamos sob pressão. Eu só podia cantar as notas que eu ouvia no momento, então foi o que eu fiz. Madonna e eu ficamos no meu Mac cantando as notas e Lubbock ia dizendo: "Oh, isso é um G e isso é um B" e assim as coisas foram feitas. Nós completamos a sessão em 2 horas e 58 minutos – 2 minutos antes do prazo.
O último dia de gravações caiu no Memorial Day. Madonna queria refazer os vocais, insistindo que ficariam melhores. E ficaram mesmo. Eu terminei algumas edições antes de ir para uma festa que Madonna estava dando em sua mansão de Hollywood.
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Sétima entrada no diário (Junho / Julho 1992)
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A agenda para as gravações no Soundworks em New York era algo como: Junho 08 - Erotica Junho 09 - Words, Why's It So Hard Junho 10 - Why's It So Hard; Thief Of Hearts Junho 11 - Thief Of Hearts; Goodbye To Innocence Junho 15 – melodias Junho 16 - Deeper And Deeper Nós transferimos tudo o que tínhamos no Tascam de 8 canais para um de 24 canais. Eu decidi produzir as faixas com a velocidade 15 ips e o Dolby SR porque isso deixa o baixo "quente" e eu queria esse efeito para o Erotica.
Eu havia ouvido antigos remixes meus gravados em 15 IPs e estava maravilhado como isso fazia a gente sentir mais a música. Cds parecem te deixar excluído da música enquanto os vinis te colocam bem no meio dela. Então eu pensei em enfatizar esse efeito no vinil, efeito este que seria varrido nos cds, o formato mais popular para o público americano de hoje. Estranhamente o nosso país não teve acesso aos vinis de Erotica enquanto todo o resto do planeta teve. No dia 7 de julho nós mixamos Erotic, o hino sadomasoquista que Madonna queria incluir em seu livro, SEX. Ela achava que deveria Ter o mesmo som de "Erotica" (a música), apenas com a a linha de baixo, sua voz e sons sensuais do oriente. Mas eu havia olhado o livro e tinha algumas outras idéias interessantes. "Você tem todas essas grandes histórias no livro", eu disse pra ela, "Porque você não as usa na música ?". Eu sabia que Madonna estava desenvolvendo um look dominatrix anos 30 para o Erotica, mas eu não fazia idéia da vontade que ela tinha em assumir esse papel até ver o SEX. Havia histórias de autoria de seu misterioso e sombrio alter-ego, Dita. Madonna pegou o livro e saiu da sala, não voltou antes de uma hora e meia. De repente ela estava no microfone, falando com uma voz bem rouca. "My name is Dita", ela disse, "I'll be your mistress tonight". Eu sabia que o original de "Erotica" nunca mais seria o mesmo e não era mesmo. O refrão e a ponte foram completamente mudados e toda a música ficou mais sexy, chegando realmente no ponto. Parecia que Dita havia trazido o melhor dela para fora, servindo de veículo para o território perigoso em que Madonna agora viajava.
Na verdade, era o nome que Madonna costumava usar nos hotéis em que se hospedava ao redor do mundo, nada além disso. Quando 10 de julho chegou eu senti os meus trinta e poucos anos batendo com força em mim. Eu estava no estúdio com Madonna, Tony Shimkin e um bichinho feito de balões para comemorar. Foi divertido por uns cinco minutos até que a Madonna disse: "Shep, você tem que voltar ao trabalho";
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Oitava entrada no diário (Agosto 15, 1992, Aniversário de Madonna)
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Uma das faixas, Goodbye To Innocence, não estava funcionando. Havia alguma coisa na música que não agradava Madonna, então ela queria arrumar. Eu trabalhei a noite toda no meu estúdio e voltei para o Soindworks com uma linha de baixo nova que parecia ser perfeita. Madonna então pôs os headphones e se preparou para fazer os vocais de Goodbye, mas ao invés de cantar a letra feita um ano antes ela começou a brincar cantando alguns versos de Fever.
No começo nós pensamos: "Isso é muito bom" e era mesmo. Parecia tão bom que nós decidimos seguir em frente e fazer um cover da música. O chato é que ninguém sabia a letra completa da música. Precisávamos da letra para gravar a música naquele dia mesmo. Madonna então telefonou para Seymor Stein na Sire Records e em menos de uma hora nós tínhamos a letra, a versão de Peggy Lee e a versão original da música em nossas mãos. Fiquei impressionado como tudo havia sido tão rápido. Foi a última faixa do Erotica e nós o terminamos a tempo de celebrar outro aniversário, o da Madonna.
Naquela noite a festa de aniversário aconteceu num barco que ficou circulando no Manhattan Picture, umas 50 pessoas dançando no barco e discos voando pelas janelas. Em vez de dançar e celebrar eu passei o meu tempo refletindo sobre o álbum. Eu tinha certeza de que era uma compilação de ótimas músicas, mas eu me perguntava como as pessoas iriam reagir a isso.
Era definitivamente um álbum diferente para ela, era um disco dance e pop ao invés de um álbum pop com guitarras feito para entrar apenas no top 40. Foi uma decisão consciente da parte dela, porque ela sabia que quanto mais pop era se tornava mais discos ela vendia. Dessa vez ela estava dando para as pessoas o que elas queriam.
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Nona entrada no diário (Setembro / Outubro 1992)
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Depois de 3 meses e meio de trabalho no mesmo estúdio e ouvindo as mesmas músicas todos os dias eu fiquei aliviado de ter finalizado o álbum. Tudo estava bem, menos as duas últimas músicas, "Why's It So Hard" e "Words", ambas sofreram mudanças. Em 12 de setembro eu sai do Soundworks com a fita master completa de Erotica em minhas mãos. Um mês depois eu fui na festa do SEX. O "ataque" Erotica, disco, vídeo e livro havia começado e várias celebridades apareceram na festa. Lá para meia noite Madonna estava vendo se tudo ia bem, eu a encontrei na cabine do DJ. Havia toda aquela coisa selvagem nos rodeando, pessoas se tatuando, casais simulando sexo – era doido demais. E quando eu fui falar com a Madonna ela estava no meio daquilo tudo, nossa conversa foi sobre música. No meio de todas aquelas coisas extravagantes que tentavam chamar a sua atenção a música continuava sendo o seu principal foco de atenção, era a música que importava, o disco que havíamos finalizado. Eu percebi que não importava o quão longe eu fosse, eu continuaria tendo o mesmo sentimento de antes. Ela então colocou suas algemas em mim. Não !
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